Denúncia de racismo institucional em Tucuruí/PA
As autoridades do município de Tucuruí, no Pará, desrespeitam a constituição e o estatuto da Igualdade Racial e obrigam que os terreiros paguem taxa de realização de shows para as...
Brasil em Dados
População total : de 191 de milhões de habitantes
População Negra: 97 milhões – o equivalente a 51%
Mulheres negras: 47 milhões de pessoas, 25 % da população total
O Brasil é o maior país do mundo em população afrodescendente, fora do continente africano.
É o segundo país em população negra depois da Nigéria e o último país a abolir a escravidão negra. Foi também o país que mais importou africanos para serem escravizados.
Dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e IPEA , 2010
Somos um país racista. A possibilidade dessa afirmação é relativamente recente e resulta de uma conquista histórica do movimento negro brasileiro, conquista que se alcançou com muita luta, muitos debates e muitos embates na sociedade e no poder público. Mas o reconhecimento veio. Nas pesquisas de percepção, que apontam que 87%[1] da população brasileira afirma que o Brasil é um país racista; na criação de uma Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial com status de Ministério, a qual inspirou a criação de outras tantas nos níveis municipal e estadual; na formulação de políticas públicas para o enfrentamento ao racismo, inclusive as cotas raciais nas Universidades; na ampliação e no aprofundamento de pesquisas e estudos em diversos campos a respeito do racismo, de suas manifestações e impactos; nos dados demográficos, nos registros administrativos; e agora, até nos dados eleitorais desagregados por raça/cor, em todos esses elementos, em cada um desses instrumentos gerou-se a possibilidade de visualização e de convencimento sobre a existência inescapável do racismo.
Reconhecer a existência dessa dimensão da desigualdade que tão profundamente estrutura nossa sociedade e nosso Estado é essencial para enfrentá-la. E reconhecer que ela se manifesta e se expressa em diferentes níveis, a partir de diferentes mecanismos, também é fundamental para avançarmos em direção a uma sociedade mais justa e igualitária.
Entendemos que o racismo pode se expressar no nível pessoal e internalizado, determinando sentimentos e condutas; no nível interpessoal, produzindo ações e omissões; e também no nível institucional, resultando na indisponibilidade e no acesso reduzido a serviços e a políticas de qualidade; no menor acesso a informação; na menor participação e controle social; e na escassez generalizada de recursos.
Estamos certas de que o caminho de enfrentamento ao racismo iniciado há alguns anos pelo Estado brasileiro está apenas começando a ser trilhado. Confiantes na decisão e no compromisso do Estado e da sociedade brasileira com o combate a todas as formas de racismo e ao racismo institucional em particular, oferecemos esse instrumento que se segue. Esperamos que ele produza maior consciência sobre o problema e que dê a dimensão da urgência das respostas e soluções necessárias.
Vamos abordar a expressão institucional do racismo. Como defini-lo e identificá-lo? , como enfrentá-lo?, são questões consideradas neste material, para ajudar na construção de respostas e caminhos. Ele foi pensado como um instrumento para que instituições públicas, organizações e empresas se avaliem, construam seus diagnósticos, seus indicadores e suas estratégias, fortalecendo o compromisso do Estado e da sociedade brasileiras com o enfrentamento do racismo institucional, vivenciado cotidianamente pela população negra no Brasil.
[1] Dado da Pesquisa da Fundação Perseu Abramo de 2003.